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Mons. Martins Teixeira - o Abade de Resende

Recordo-o desde os meus seis anos quando nos preparou para a Primeira Comunhão. Recordo como a alegria se tornou uma aflição quando a Hóstia se colou ao palato duma boca seca desde a meia-noite do dia anterior com era o jejum eucarístico.

Recordo-o a reger o célebre Orfeão do Touro na Missa solene celebrada, no Largo da Feira de Barrelas, quando da passagem de Nossa Senhora de Fátima na vinda à Diocese. E recordo-o na sua Missa Nova com muitos padres que, no final, felicitaram o Orfeão de vozes masculinas e, sobretudo, pelo canto do Te Deum com que encerrara a celebração.

Depois foi pastorear a paróquia de Mós e Santo Amaro, no concelho de Foz Coa. Poucos anos depois, Cabaços e Baldos. Como eram admiráveis os ecos trazidos por um seminarista seu paroquiano. Tinha um espírito congregador. Dali, transferido para Paredes da Beira e Espinhosa. Na última quinzena de agosto, passava-o com ele para ajudar a preparar as Comunhões – um ano em cada Paróquia. Partilhei da sua mesa e do seu trabalho pastoral e, às vezes das suas preocupações. Como os jovens não podiam pagar colégios, começou a ensiná-los, na residência Paroquial e a propô-los a exame. Promovia quem estava longe dos estabelecimentos do ensino.

Em setembro de 1967 foi nomeado Abade de Resende. Restaurou a Igreja, comprou uns rés- do-chão, no centro da Vila, que adaptou para capela e entregou ao CNE depois da construção da Igreja da Imaculada Conceição. Construiu o Externado que lecionava do Ciclo ao 12ª ano. Era um verdadeiro pastor que congregava, promovia e alimentava com pregações, encontros, reuniões com os diversos movimentos. Aprendera no convívio com o seu padrinho e abade do Touro, o Cónego Alfredo Martins, gigante na fé, na promoção das vocações e no zelo pastoral.

Porque gostava de arejar ideias e observar ações pastorais, viajava por outros países. Antigos cantores do órfão souberam da sua presença, no Rio de Janeiro e convidaram-no para uma merenda num café da Tijuca. E perante um grupo tão numeroso, quiseram recordar dando um tal show de música polifónica que se juntou muita gente para ouvir e pedir bis.

O Monsenhor António Martins partiu para o Pai mas deixou um rasto de luz segundo alguns testemunhos colhidos entre muitos:

- “O nosso querido “senhor Abade”, como carinhosamente o tratávamos era, para a maioria de crentes e não crentes, um homem ímpar, na sua jovialidade, no seu altruísmo, na sua bondade, na sua simpatia, no seu bom humor e, sobretudo, na sua preocupação pelo frutuoso anúncio do Evangelho. (…) Para mim, em particular, um Pai espiritual, o responsável pelo meu reencontro com Cristo, (…) espicaçou –me para a descoberta vocacional rumo à caminhada em que me encontro” (dr. Eduardo Pinto).

- “Homem simples e popular, alegre e jovial, de espírito jovem, otimista e empreendedor, sempre à frente do seu tempo, entusiasta e inconformado que nunca se rende perante os obstáculos mas olha em frente e vai à luta. Dinâmico e serviçal, sempre com um profundo serviço de Igreja, servindo o povo de Deus em todas as circunstâncias, nunca perdendo de vista o sentido primeiro da sua missão de pastor – a salvação de todos. A sua simplicidade de vida de homem do povo, próximo de todos, sempre sorridente e alegre, contagiava a todos à sua volta. Vencia os problemas com um sorriso, enfrentava as dificuldades com o otimismo natural, criava empatia à sua volta, sempre jovem entre os jovens, disponível para tudo e para todos, esquecia-se da idade e fazia-nos esquecer dos problemas, sempre bem-disposto e serviçal para todos. Um testemunho de vida intenso de quem sabia valorizá-la como dom, doando-se até ao limite das suas forças e, às vezes, muito para lá delas. Ele sabia que as árvores morrem de pé e ele permaneceu de pé connosco” (P. J. Augusto Marques seu co-pároco). 

- “O seu legado, a sua bondade e caridade permanecerá sempre no concelho de Resende e em todos os que com ele se cruzaram”. (da Nota da Câmara).
Caro conterrâneo, dos dezasseis padres que se ordenaram no Pastoreio do Cónego Alfredo, resto eu a aguardar também o chamamento. Até lá, lembre-me junto do Deus da Misericórdia.

 

P. Justino Lopes, in Voz de Lamego, ano 92/09, n.º 4640, 12 de janeiro de 2022

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