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Nossa Senhora de Cárquere de braços abertos a milhares de peregrinos

O mês de maio em Resende é sinónimo de peregrinação. São milhares os peregrinos que no 4.º domingo do mês de maio rumam até Santa Maria de Cárquere.

Decorreu este domingo, 26 de maio, mais uma peregrinação a Nossa Senhora de Cárquere no concelho de Resende. Foram milhares os peregrinos, vindos das mais diversas comunidades paroquiais, que em romaria, devoção e penitência se juntaram à Mãe.

A peregrinação decorreu ao logo de dois dias com a Festa da Catequese a acontecer no sábado onde decorreram as cerimónias da 1ª Comunhão e Comunhão Solene, mas foi no domingo que a zona envolvente ao Mosteiro de Santa Maria de Cárquere se encheu com um mar de gente. O dia iniciou com a missa na capela de Santa Luzia e procissão em direção à igreja, logo depois organizou-se a tradicional procissão das freguesias do concelho. Durante esta procissão foram cantadas as ladainhas de todos os santos, pedindo proteção divina para os campos e para as culturas.

A peregrinação a Nossa Senhora de Cárquere é uma antiga tradição dos nossos antepassados, cuja origem recua até à Alta Idade Média. Em horas de necessidade e aflição, os nossos antepassados, suplicavam a intervenção da Nossa Senhora de Cárquere para receberem de Deus a bênção para as suas famílias, as suas terras e para os seus animais.

Às 11h00 teve início o ponto alto do dia com a missa campal, sob a presidência do nosso Bispo D. António Couto e com a presença dos párocos de todas as freguesias do concelho de Resende. Muitos dos nossos jovens foram confirmados na fé e receberam os dons do Espírito Santo para, de forma mais consciente, testemunharem a sua fé e praticá-la no serviço da caridade e na prática cristã.

O Bispo D. António Couto saudou todos os presentes e começou por falar da necessidade e da importância da peregrinação à casa de Deus, sendo esta a única casa estável, sendo tudo o resto passageiro e enganador. Tudo o resto que pensamos que possuímos, escorrega-nos das mãos.

Ressalvou várias vezes a importância da fraternidade e sublinhou: “Pela fraternidade não se luta, a fraternidade recebe se.”
Tudo o que importa para o Homem não está nos bens materiais. D. António Couto colocou todos os peregrinos ali presentes a refletir sobre o realmente há de verdadeiro na nossa vida, para aprendermos a ser filhos de Deus, para recebermos tudo de Deus, pois nada é nosso.

“Tantas vezes nos equivocamos com as riquezas e as ganâncias deste mundo. Maria ensina-nos o caminho para Deus. O verbo receber é fundamental na nossa vida. Não vale a pena querer conquistar o mundo inteiro, a nossa verdadeira realidade é sermos recetividade é recebermo-nos de Deus. Deixai que Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) conduza a vossa vida, como pessoas que se relacionam umas com as outras, que não se agridem e que se respeitam.”

D. António Couto partilhou com todos que esteve recentemente em Roma onde os Bispos portugueses realizaram uma visita aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo. Esta visita significou “exatamente reconhecer a forma de viver de Pedro e de Paulo que deram testemunho de Cristo, até ao fim.” Esta é a forma de nós vivermos neste mundo, dando testemunho de Jesus Cristo - por isso somos batizados e crismados. O Santo Padre não leu nenhum discurso, estiveram literalmente à conversa, mandou recolher os papéis e decidiu conversar! Isto é igreja! Cada um, com os seus irmãos, em diálogo, com carinho e com paz.

O Santo Padre mandou uma bênção para todos os diocesanos (para as 21 dioceses de Portugal), mas o convite que ele faz é para nos relacionarmos uns com os outros, para dialogarmos uns com os outros, para sermos irmãos, sem nunca nos esquecermos de Cristo!

A peregrinação do concelho de Resende a Nossa Senhora de Cárquere terminou com a procissão do Santíssimo.

 

Ana Lúcia, in Voz de Lamego, ano 94/28, n.º 4756, de 29 de maio 2024.

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