“Criar relações, construir comunidade”

O Relatório de Síntese do último Sínodo, na sua terceira e última parte, com sete capítulos, desenvolve uma reflexão tripartida em consensos, questões a afrontar e propostas, sobre a necessidade de “Criar relações, construir comunidade”.

 

14 – Uma abordagem sinodal à formação

A formação de cada batizado, inspirada no modo como Jesus faz com os seus discípulos, é fundamental para a missão. Não se trata de potenciar capacidades próprias, mas de conversão à lógica do Reino, que pode tornar fecundas até as fraquezas e as derrotas. O primeiro lugar favorável para isso acontecer é a família. Depois, relacionando as ciências humanas e a teologia, importa formar para a corresponsabilidade, a escuta, o diálogo, a resolução de conflitos, o discernimento, o serviço aos pobres, etc.. A isto acresce a formação dos ministros ordenados que deve ser incarnada na vida do povo, e envolvendo presenças femininas no processo.

15 – Discernimento eclesial e questões abertas

O verdadeiro discernimento eclesial exige que, á luz da Palavra de Deus e do Magistério, confrontemos o nosso olhar da realidade com aquele feito pelas demais ciências humanas. Relativamente às questões abertas, sobressai a “relação entre amor e verdade” e as implicações que isso tem sobre muitas questões controversas. Os assuntos fraturantes na sociedade e na Igreja (identidade de género, fim de vida, situações matrimoniais difíceis, inteligência artificial, etc.) requerem maior reflexão e estudo, evitando juízos simplistas, dando mais tempo à oração e mais espaço à conversão do coração.

16 – Para uma Igreja que escuta e acompanha

A escuta é uma atitude de reciprocidade: é tão importar saber escutar como ser escutado. São vários os episódios do Evangelho em que Jesus se detinha nesta atitude de escuta daqueles que encontrava no caminho. A Igreja deve também tornar-se perita na escuta, sobretudo dos mais frágeis, das vítimas de algum tipo de abuso ou marginalização, etc., sem quaisquer julgamentos nem condenações. “A escuta e o acompanhamento não são atitudes individuais, mas é uma forma de agir eclesial”. Por isso, quem desempenha esta missão deve preocupar-se em fazer formação adequada para o efeito.

17 – Missionários em ambiente digital

O ambiente digital é, nos nossos dias, umas das praças mais desafiantes para a Igreja testemunhar o Evangelho. Tal como os missionários, outrora, partiram para países distantes e desconhecidos, assim o devem fazer os leigos, sacerdotes e consagrados mais jovens, nos ambientes digitais. Consciente de alguns riscos e ameaças próprios da internet, a Igreja não pode deixar de estar presente digitalmente, de encontrar aí novas formas e métodos de exercer a sua missão e de criar uma rede de colaboradores – crentes ou não, cristãos ou outros – que defendam as causas comuns a toda a humanidade, promovendo a dignidade da pessoa humana e a salvaguarda da casa comum.

18 – Organismos de participação

Todos os batizados são corresponsáveis na missão da Igreja, segundo a sua vocação. Esta corresponsabilidade assume corpo e ganha forma no funcionamento normal dos vários organismos de participação e comunhão, que tornam a missão da Igreja verdadeiramente sinodal. Quanto mais os membros de cada organismo de participação se envolvem nos processos de discernimento e decisão, feitos à luz da Palavra de Deus, e deixam ressoar em si as vozes daqueles que já vivem a missão no mundo, tanto mais a sinodalidade cresce e se assume como estado normal da vida eclesial.

19 – Os agrupamentos de Igrejas na comunhão de toda a Igreja

Cada Igreja, na plena comunhão das Igrejas, tem muito a oferecer, porque Deus é pródigo na distribuição dos seus dons para proveito de todos. Vista a Igreja como Corpo de Cristo, em que todos os membros são interdependentes e partilham a mesma vida, é urgente que cresça a humildade, a generosidade e a disponibilidade para que “o intercâmbio de riquezas espirituais, de discípulos missionários e de bens materiais se torne uma realidade concreta”. Isto exige que cada bispo perceba e viva a solicitude por todas as Igrejas. Antes de se pensar a criação de novas estruturas, a aposta deve recair no reforço e renovação das que já existem.

20 – Sínodo dos Bispos e Assembleia eclesial

O decurso da última Assembleia Sinodal, durante o mês de outubro, em tudo o que nela aconteceu: participação alargada de leigos, retiro inicial, celebração ecuménica, o clima de oração contínuo até a própria disposição da Aula Paulo VI deixaram bem claro quanta alegria e entusiasmo para missão resulta do “caminhar em conjunto”, como autêntico Povo de Deus. No entanto, fica também muito evidente que é inútil a criação de estruturas de corresponsabilidade e participação se não há, primeiramente, conversão pessoal. Importa, por fim, encontrar uma circularidade dinâmica que articule a indispensável participação dos leigos nos processos de decisão com a autoridade do discernimento que assiste à colegialidade dos Bispos.

 

Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 94/04, n.º 4732, de 29 de novembro de 2023.

 

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